A falta de incentivo decretou o fim da exploração nas minas de água-marinha em Tenente Ananias


Tenente Ananias: terra preciosa Margareth Grillo - Repórter Assis Chateaubriand iria realizar um velho sonho de menino, o de conhecer de perto o rei da Inglaterra. No caso: a rainha. No caminho da realização desse sonho, um obstáculo: apenas os chefes das delegações iam ter o privilégio de cumprimentar pessoalmente a futura rainha Elisabeth II. Ao ler, com enorme frustração, a minuciosa programação, encaminhada pelo cerimonial da presidência da República, ele se pôs a imaginar uma forma de quebrar aquela norma de protocolo. Não precisou de muito tempo para chegar à solução: um presente. Da idéia à execução foi um passo: dois dias depois ele havia encomendado a mais requintada oficina de lapidação do país, a ourivesaria da casa Mappin & Webb, um conjunto de colar e brincos de dez águas-marinhas e 647 brilhantes. O episódio ocorrido em 1953 é narrado no livro "Chatô, O Rei do Brasil", do jornalista Fernando Morais. Poucos sabem, mas o Rio Grande do Norte teve uma "pontinha" de participação nessa história, por sinal, bem valiosa. As dez pedras de águas-marinhas de 120 quilates cravadas no colar oferecido à sua majestade britânica foram extraídas no município de Tenente Ananias, a 400 km de Natal. A revelação está em uma edição da revista National Geography, de 1984. Na época, enquanto o jornalista Assis Chateaubriand, então senador da República, elaborava estratégias para entregar o conjunto nas mãos da rainha, a atividade nos garimpos de águas-marinhas de Tenente Ananias estava apenas começando. Os garimpeiros mal suspeitavam que aquelas pedras eram uma preciosidade. Entre 1941 e 1952, eles vendiam as pedras brutas de berilo de água-marinha a compradores do sul do país, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo, por valores irrisórios. Nem de longe imaginavam que, nas oficinas de lapidação aquelas "pedras azuis e verdes" se transformavam em algo precioso, com alto valor de mercado. Para se ter idéia, o presente oferecido à sua majestade britânica custou 2,5 milhões de cruzeiros (62 mil dólares de então, cerca de 300 mil dólares de 1994). Somente um ano depois desse fato, com a chegada do garimpeiro Miguel Honorato Alves, ao município de Tenente Ananias, é que os garimpeiros foram descobrir que estavam, com uma fortuna nas mãos. Seu Miguel Alves conta que, durante a II Guerra Mundial, as jazidas de berilo eram exploradas por causa de uma substância contida nesse minério e que era usada na época como líquido cicatrizante. Nessa época a exploração era de superfície. Os garimpeiros tiravam o berilo que interessava ao Exército e as pedras de água-marinha iam ficando amontadas. Na época, os compradores se aproveitavam da falta de informação dos garimpeiros quanto ao valor da pedra e faziam ofertas mirradas para a compra.


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